Marcha Fantasma.

Quase 1 mês atrás era traçado mais um capítulo de vitória relacionado à mudanças políticas, impulsionadas pela consciencia política por parte do povo boliviano. Quase 50 mil manifestantes marcharam 200km desde Oruro até La Paz, uma corrente humana de 8km que decidiu não sair do Congresso Nacional até ser aprovado o referendo para a nova Constituição do país. Centenas de policiais seguraram os manifestantes a apenas 8 metros da entrada principal do prédio. Os parlamentares trabalharam dia e noite, sábado e domingo com sessões até 2 horas da manhã, e os manifestantes, muitos vindos de terras baixas do oriente, dormiam nas proximidades, comiam pouco e ficavam em pé, chegando a ter insolações e febres por não estarem acostumados ao sol da montanha. Mas não arredaram o pé. O Jornal da Globo e O Globo dos dias referentes à manifestação a ignoraram por completo. É como se fosse invisível. O telejornal, apresentado por Christiane Pelajo, achou mais relevante publicar a informação do homem do tempo que pediu a apresentadora em casamento ao vivo, entre outras notícias desse tipo, que, como vêem, possuem conteúdo jornalístico extremamente importante. Na terça-feira, 21 de outubro, bolivianos choraram de emoção. Bolivianos cantaram e dançaram. Bolivianos acenaram com réplicas da Constituição, que agora terá um novo capítulo no dia do referendo, 25 de janeiro de 2009.
Não posso deixar de falar que depois de tomar conhecimento da notícia, fiquei extremamente curioso quanto à formação política do povo boliviano. Como mineiros, camponeses, bolivianos da mais alta hierarquia até a população mais carente têm consciencia de que podem mudar, de que organizados eles fazem o governo, e não entendi porque não conseguiram tomar o poder e instituir um governo organizado antes. Então comecei a ler o livro "Bolívia: Vocação e Destino", de Omar de Barros Filho. Tudo fica mais claro, todo o processo decorrido, do início do século XX à meados dos anos 80, as lutas, os erros de organização, tudo documentado e muito bem articulado. Livro estudado, leitura recomendada.

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